Dentro do olho há uma lente natural, responsável pela focalização dos objetos na retina - o cristalino, assim chamado por sua transparência
comparável à do cristal. Como a luz deve atravessá-lo sem embaraço, a
transparência do cristalino é essencial ao perfeito desempenho da sua
função.
Clique no link para ver o olho esquemático: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8a/Schematic_diagram_of_the_human_eye_pt.svg
Quando, por qualquer motivo, o cristalino perde sua transparência, e fica turvo,
a isto chamamos catarata.
Há muitas cataratas (diabética, traumática, cortisônica, complicada etc), mas aqui comentaremos a senil (por ser a mais comum) e a congênita (pela urgência que constitui).
Catarata Senil
Com
o avanço da idade, nossas funções fisiológicas declinam, e este
declínio nos imprime sinais indesejáveis, mas também inexoráveis. O
processo inclui cabelos brancos, rugas etc - e o cristalino não é
exceção. Também suas proteínas sofrem degradação, e o resultado mais
evidente é a progressiva perda da transparência.
Com a transparência reduzida, a luz encontra dificuldade crescente para atravessar o órgão, prejudicando a visão.
É
possível retardar o avanço da catarata com bons hábitos de vida e
evitando o sol. Também a vitamina C e o uso de óculos com lentes
filtrantes da radiação ultra-violeta são fatores retardadores do
processo.
Até hoje, todas as tentativas de tratamento clínico da catarata se mostraram,
se tanto, capazes de retardar sua evolução, mas incapazes de reverter o processo. Assim, o tratamento é exclusivamente cirúrgico.
Antigamente,
a cirurgia de catarata consistia na simples remoção do cristalino
degradado, e sua ausência era compensada pelo uso de óculos bastante
grossos.
Com avanços notáveis, e com segurança crescente, hoje se
remove rotineiramente apenas as partes degradadas do cristalino, e, no
seu lugar, implanta-se uma lente de plástico - que também vem
evoluindo de maneira a reduzir a dependência de óculos no
pós-operatório.
Qual o
melhor momento para se operar a catarata senil ? Catarata senil não é
uma urgência, e o critério técnico recomenda que a cirurgia seja feita
no intervalo que se situa entre a maturidade e a hipermaturidade da catarata. Concordo, mas, dentro deste intervalo (que pode se estender a décadas), acrescento outro critério:
A
meu ver, o melhor momento para cirurgia eletiva é aquele em que o
paciente deixa de enxergar aquilo que lhe interessa para suas atividades
cotidianas - o que varia muito de uma pessoa para outra. Um
relojoeiro, por exemplo, depende da visão de detalhes. Já um cantor
talvez prefira se submeter aos riscos (inerentes a qualquer cirurgia)
somente quando começar a tropeçar em obstáculos...
Com necessidades visuais tão diferentes, mesmo que eles fossem gêmeos idênticos,
não haveria por que antecipar a cirurgia do cantor!
Catarata Congênita
Bebês
normais, com olhos perfeitos, não enxergam mais do que
vultos indistintos, porque a função visual depende de o cérebro, ainda
imaturo, "aprender a enxergar" - o que ocorre até os 6 anos de idade.
Este aprendizado cerebral depende da transparência dos meios internos do olho.
Se
a transparência estiver comprometida, o estímulo enviado pelo olho ao
cérebro é imperfeito, e, sem estímulo adequado, o cérebro não aprende a
enxergar como deveria.
Congênita
é a catarata desenvolvida na vida intra-uterina e constatada ao
nascimento pela evidente pupila branca (que pode ocorrer também por
outros motivos, como a retinopatia da prematuridade).
Se a catarata congênita não for operada bem cedo, perde-se o prazo para que o cérebro aprenda a
enxergar, e, independentemente de tratamentos posteriores, jamais atingirá visão normal. É o que chamamos de ambliopia (v. blog abaixo).
Para
se promover o amadurecimento do cérebro visual (e evitar ambliopia), é
essencial restabelecer logo a transparência dos meios internos do olho.
Assim, na catarata congênita é urgente
a correção cirúrgica, ainda em tenra idade, para que não se perca o
prazo para desenvolvimento cerebral da visão plena - de preferência
aos 2 anos de idade (idade limite para desenvolvimento da estereopsia ou binocularidade, isto é, a capacidade de avaliar distâncias pela atuação conjunta dos dois olhos).
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Melhor (e menos dispendioso) do que tratar é prevenir.
Para jovens saudáveis, é suficiente um exame oftalmológico preventivo a cada 2 anos.
Após os 40 anos, todos os anos.
É bom critério usar a data do seu aniversário como lembrete para revisões anuais
com dentista, oftalmologista e ginecologista (mulheres) ou urologista (homens).
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dr VIC JOHNSON
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